Patrick Brontë
Imagem: Patrick Brontë por Leslie Simpson
Patrick Brontë (Emdale, Condado de Down, atual Irlanda do Norte, 17 de março de 1777 - Haworth, Yorkshire, 7 de junho de 1861 [1]) foi um sacerdote anglicano e escritor irlandês, que residiu na Inglaterra a maior parte de sua vida adulta e foi pai das notáveis escritoras Charlotte, Emily e Anne Brontë, assim como de Branwell Brontë.
-- De Brunty para Brontë
Patrick Brontë foi o mais velho dos dez filhos do matrimônio entre Hugh Brunty e Eleanor McCrory, dois humildes agricultores irlandeses do condado de Down. (Mais para frente Patrick mudaria a ortografia do seu sobrenome Brunty para Brontë [2]). Em Sua infância trabalhou como ferreiro e como aprendiz no tear [3]. Na idade de dezesseis anos conseguiu abrir sua própria escola em Drumballerony, um povoado ao redor, e seu trabalho chamou a atenção do vigário anglicano da localidade, Thomas Tighe, que o contratou como tutor de seus filhos.[4]
-- A educação
Patrick Brontë foi autor de “Cottage poems” (1811), “The rural minstrel” (1814), de artigos periódicos e folhetos, assim como de vários poemas pastorais.
Este homem superdotado frequentou a escola até os dezesseis anos. Seus pais, mesmo não sendo ricos, ajudaram a financiar seus estudos.
Mais tarde quando fundou a escola, começou a ganhar algum dinheiro que ele acumulou, e isso lhe permitiu entrar na universidade de St. Jhons College, Cambridge – feito excepcional dado a sua origem e sua condição humilde, pois o comum teria sido entrar no Trinity College de Dublin, com igual notoriedade que o Trinity College de Cambridge, e não em uma instituição tão prestigiada.
É aceito graças a sua notável capacidade, e Thomas Tighe, Juiz de paz, filho de um parlamentar e meio irmão de dois membros do parlamento irlandês, ministro da Established Church of Ireland e simpatizante dos movimentos evangélicos, segue os passos de John Wesley, com o objetivo de reavivar a igreja e acabar com a corrupção. Tighe o recomenda intencionalmente, já que Patrick supervisionou a educação de seus filhos durante quatro anos. Além disso, teve que estudar o latim e o grego, pré-requisitos para entrar em Cambridge, provavelmente uma parte do pagamento pela preceptoria. Patrick recebe assim uma sizarship (uma bolsa de estudos [5]), estuda teologia e história (antiga e moderna) a parti de 1802 até 1806 com aplicação, diferente de muitos de seus contemporâneos afortunados. Os documentos dão fé a seus estudos, e ele recebe a honra de primeiro da classe.
Depois de sua B.A. (Bachelor of arts) recebeu sua ordenação (10 de agosto de 1806), como a maioria dos estudantes sem recursos. Essa escolha corresponde a suas aspirações e é ajudado por um amigo Henry Martyn. Este era quatro anos mais jovem, porém já era Wrangler na universidade, o grau mais alto de hierarquia entre os homens “assistentes”, Martyn o recomenda com autoridade eclesiástica. Patrick consegue uma bolsa de estudos destinada a manter os jovens homens da piedade designados ao sacerdócio. ("maintain pious young men designed for the ministry").
-- Patrick Brontë, O Vigário
Seis anos mais tarde, em 1812, Patrick conhece Maria Barnwell, de Cornuália. Com idade de 29 anos, ela viveu durante alguns meses com um tio em Yorkshire, diretor de um internato para meninos, no qual Patrick é convidado a corrigir as provas dos estudos bíblicos. Esta menina “alegre, sagaz e engenhosa” lhe inspirou amor à primeira vista, que por sorte é correspondido. Casaram-se em Dezembro desse mesmo ano e tiveram seis filhos.
Em 20 de Abril de 1820 a família se instala na casa paroquial de Haworth. Patrick Brontë exerce a função de vigário (cura) na categoria de curate (vigário). Admirador apaixonado do Duque de Wellington, o vencedor de Waterloo. A adoração por Wellington é retomada por suas filhas que, em seus pequenos livros [ver Juvenília] sob diversos nomes, por vezes exóticos, farão este o herói de muitas de suas histórias.
Patrick abraça pontos de vista muito conservadores, compartilhados com maior rigidez com seus filhos. Frequentemente toma posição na imprensa local com panfletos publicados por conta própria. Assim, após haver aprovado Catholic Emancipation Act (“lei relativa à emancipação dos católicos”), se revela contra a igreja, a que acusa de propósitos “mal-intencionados” – acontecia na Grã-Bretanha o conflito com a província da Irlanda que estavam em constante rebelião. Para os Brontë, o Papa era considerado o Satanás em pessoa, e Charlotte, em particular, tinha pelos “papistas” uma verdadeira fixação.
-- Um homem de princípios, porém generoso
Elizabeth Gaskell, primeira biografa de Charlotte a pedido de Patrick, o descreve, seguindo o modelo de pastor anglicano, muito inflexível, rígido, hipocondríaco e misantropo. Ele é retratado da mesma forma por outros autores, como Margot Peters e Daphne du Maurier. Está última recorda que, através de duas histórias, sua atitude inflexível conduzia os seus a um amor excessivo pelo vestuário: lança ao fogo umas botas que tinham sido dadas a seus filhos e destrói um vestido que sua esposa havia se esquecido de guardar a sete chaves. ESses feitos são considerados falsos e ele mesmo se encarregou de desmenti-los numa carta dirigida a Sra. Gaskell, em 30 de Julho de 1857.
Juliet Barker o descreve mais como alguém “aberto, inteligente e generoso, como todos os Branwell-Brontë e com um profundo amor por seus filhos”. De fato, ele mesmo se encarrega de lhes dar educação, procurar os livros que eles desejam, comprar-lhes joguetes e lhes dá uma grande liberdade, estimulando-os a ler, escrever, explorar as terras ou os sonhos. Consciente da capacidade intelectual dos filhos, ele os envia a Cowan Bridge, uma nova escola para moças do pequeno clero, que prevê um curso de ensino formal. [ver: Cowan Bridge, a escola desumana].
Por fim, Patrick Brontë nunca pode se casar novamente e morreu viúvo seis anos depois de sua filha Charlotte Brontë, dando assim fim a sua linhagem.
Referências:
Wikipédia: Familia Brontë
[1] Aurtora Guardiola, Astor (2006): Processo a la Leyenda de las Brontës, Universidade de Valência, ISBN 978-84-370-6563-2. Página 135.
[2]Existem diversas teorias sobre a origem do nome Brontë. Alguns dizem que ele procede do gigante mitológico Brontes (em grego Βροντης ‘Trovão’) que segundo a lenda, era um ciclope filho de Gaia (terra) e Urano (céu), irmão de Arges (brilho) e Estéropes (relâmpago), que tinham um péssimo temperamento, além de serem muito fortes. Mas de acordo com outros, a mudança de nome haveria sido em homenagem ao almirante Horatio Nelson, cujo título era usado pelo conde de Bronte. Veja em Biography – Patrick Brontë (artigo em inglês)
[3] Tear: Aparelho de tecer.
[4] Disdale, Ann (2006): The Brontës at Haworth, Frances Lincoln ltd., ISBN 978-0-7112-2572-5 Página 12.
[5] Tradução do Shorter Oxford Dictionary: Sizar o Sizer estudante do Trinity en Dublín ou do Trinity en Cambridge, recebe essa denominação aquele que recebe uma bolsa da Universidade que lhe permite continuar os estudos.
*Barker, Juliet (1995). The Brontës (Em Inglês). Londres (publicado em 1996,ISBN 0-312-14555-1
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